terça-feira, outubro 18, 2005

Nas Finanças

Entra uma senhora, com a sua idade, pelo espaço designado para as finanças no Porto adentro. Trazia, não obviamente mas em princípio, a neta pela mão. A fila era razoável mas ainda assim a senhora achou que não seria mal pensado dirigir-se directamente ao balcão de atendimento. Ali ficou durante cinco minutos encostada, body and soul, enquanto gritava com a suposta neta: "Ta queta, Deolinda!", "Deixa o senhor em paz", "Oh Deolinda tu não consegues tar queta", "Tu lebas, tas a oubir, tu lebas". A miuda não era um anjo na Terra e muito menos um vegetal mas a talvez avó, essa sim, estava a dar o real show.
Estava próximo de ser atendido quando a, e agora sim, avó da Deolinda abordou a caixeirinha das finanças para lhe propôr um negócio: "Ai que a senhora é que me podia fazer o jeito de anteder, que até é uma coisa rápida. A minha neta anda aqui a chatear toda a gente e eu já não tenho paciência pa canalha". O negócio não parecia interessar à caixeirinha: "A senhora tem que aguardar a sua vez", a avó da Deolinda não desiste, plano B: " Se a senhora soubesse o que me custa estar em pé, é da reumatite!", definitivamente o negócio não interessa à caixeirinha: "Pode aguardar sentada. Quando for a sua vez eu chamo-a". A senhora respira fundo em jeito de a vida só me dá ralações, a caixeirinha amortece a situação e quase violentamente arranca a papelada que a senhora tinha em mão: "Deixe me ver o que é?", 3 segundos, "Caixa 2, não é aqui, à sua esquerda onde está aquele senhor!". A fila tinha só e apenas este senhor e eu pensei: "está resolvido". "Fogo, caralho pó caralho, se fosse a colega da manhã já me tinha atendido, fogo... caralho", diz e sai porta fora. A neta corre atrás.

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