quinta-feira, dezembro 06, 2007

olhos quase fechados


São as gárgolas do Campo, sempre quietas nunca inertes, que brilham ao sol, que deixam rastos de sombra nas paredes monumentais, que tomam conta daquilo,que nunca estão de bom humor, os geradores de sentimentos.

terça-feira, novembro 06, 2007

Não por muito tempo

Tudo o que lembro é de estar lá sentado a ver os doidos poderosos a trincar laranjas sem as descascar. Será que vamos sentir para sempre esta dor não sei de que mal sei sentir? Será que vamos continuar a nadar para a frente com uma nuvem esburacada por onde espreitamos sem grandes horizontes, longinquos que andam em círculo e criam vício? Já estivemos aqui? juntos? Sim. não. "Então porque é que pensas que está tudo igual?" É uma questão de tempo mas não por muito tempo.

sexta-feira, julho 06, 2007

"Secret Meeting

I think this place is full of spies
I think they're onto me
Didn't anybody, didn't anybody tell you
Didn't anybody tell you how to gracefully disappear in a room
I know you put in the hours to keep me in sunglasses, I know

And so and now I'm sorry I missed you
I had a secret meeting in the basement of my brain
It went the dull and wicked ordinary way
It went the dull and wicked ordinary way
And now I'm sorry I missed you
I had a secret meeting in the basement of my brain

I think this place is full of spies
I think I'm ruined
Didn't anybody, didn't anybody tell you
Didn't anybody tell you, this river's full of lost sharks
I know you put in the hours to keep me in sunglasses, I know

And so and now I'm sorry I missed you
I had a secret meeting in the basement of my brain
It went the dull and wicked ordinary way
It went the dull and wicked ordinary way

And now I'm sorry I missed you
I had a secret meeting in the basement of my brain
And now I'm sorry I missed you
I had a secret meeting in the basement of my brain
It went the dull and wicked ordinary way"

The National

sábado, junho 30, 2007

O A

O Alfredo não gosta de sopa.
A mãe do Alfredo todos os dias o obriga a comer a sopa.
O Alfredo chora porque não quer comer a sopa.
A mãe do Alfredo berra com ele porque quer que ele coma a sopa.
O Alfredo vira a cabeça e cerra a boca.
A mãe força.
O Alfredo resiste.
A mãe força e consegue.
O Alfredo cospe.
A mãe do Alfredo dá-lhe um tabefe.
O Alfredo chora mais.
A mãe desiste.
O Alfredo fica triste.

sábado, junho 23, 2007

Coldfinger are back back back baby back



Esta menina não deve ter passado por uma fase na infância caracterizada pela imitação de uma pessoa elegida como modelo de forma quase inconsciente. Desta forma e para que não restem quaisquer dúvidas de que a menina não tem nenhuma falha de desenvolvimento, escolheu a PJ Harvey para tal. Não é uma boa imitação mas é uma imitação mesmo que ela venha infestar o meu blog de comments com justificações.
Mas está um trabalho interessante, e ao vivo funciona muito bem e cativa. Para quem não sabe estiveram na oitava edição do rock in Taipas e eu apercebi-me que aquela fila em frente ao palco chegou a estar preenchida na totalidade.

sexta-feira, junho 15, 2007

Placidez

A fronha do pito que pissita por baixo da asa
(E há dúvidas e confusão na piscatória do bicho)
Parecem cantos de medo e ternura
No sentimento que arrasa
Que deita ao lixo
Que não sustém
Que não segura.

sexta-feira, março 16, 2007

Horas de espera e bibliotecárias

Espero não estar a incomodar mas a sua postura está a interessar-me e não vou desviar o olhar enquanto me apetecer, efectivamente, olhar para si. Para já apetece bastante por isso vou continuar. Tem uma forma de estar parada muito peculiar e isso, de certa forma atrai-me. Não, não a considero atraente, mas sinto me atraído pelo ar extremamente enjoado, impertinente e incompetente que apresenta. Agora estou a imaginá-la a tirar os óculos e logo a seguir, sem que se perceba o fim da primeira acção, soltar o cabelo com atitude. Agora estou a imaginar para que servem bibliotecárias inúteis. Não gosto de bibliotecárias sem óculos e de cabelos soltos, aliás odeio bibliotecárias. Já não me apetece tanto olhar para si mas sinto um desejo enorme de a intimidar por isso vou continuar a olhar. Não sinto nada. Não sinto mesmo nada. Agora tive a certeza que não estou a conseguir intimidá-la. Está, obviamente treinada para não se sentir constrangida com nenhuma situação. Aposto que todos os dias à noite, antes de dormir, àquela horinha idiota a que todas as bibliotecárias se deitam e fingem dormem, inunda a almofada de lágrimas ressequidas pela prepotência dessa aura reles. Estou a perder tempo a olhar em sua direcção tão fixa e alucinadamente mas não pense que o faço inconscientemente. Divirto-me na verdade. E agora vou andando. Corro o risco de acidentalmente despertar a sua atenção.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Bailarina que não dança

Forros estirpados
E moidos pela pele
Das pernas que se movem
Sobre aquela farda
Que não vai mais desgastar-se.

Pemaneceram para sempre gastos
Mas de história nos términos
Porque ninguém cuida do que viveu
E o os forros nem se vêem.

domingo, janeiro 28, 2007

O desespero veste vermelho

Este filme vai com certeza ganhar uma boa parte dos oscar's para os quais está nomeado e se não ganhar pelo menos já marcou só pelas nomeações. É bom, já muitos o disseram, é dos melhores que já vi, tenho que o confessar. A articulação de todas as histórias, cenários, sentimentos e a dimensão tão genial em que coexistem sem se tocarem é deslumbrante.
A história desta criada é de todas a melhor. É também a melhor interpretação? Talvez não, mas tem qualquer coisa de superior. A vontade de saltar para o ecrã e ajudar a mulher de vermelho a procurar os dois pigmeus perdidos naquele terreno árido e sem referências é inevitável.